segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Contem com sua intercessão junto ao Pai





Conheça a vida de Santa Gianna Molla: “O amor é o sentimento mais bonito que o Senhor colocou na alma dos homens”
8 jan 2010 | Categoria: Família, Igreja Católica, Indicações, Vida dos Santos
Repórter: Larissa CODU
Quando falamos em santos geralmente imaginamos, de pronto, homens e mulheres que viveram em tempos distantes, em situações especiais, nunca em pessoas como você, eu, ou nossos amigos e vizinhos, com uma santidade “simples e acessível a todos.”

Assim era Gianna Beretta Molla: uma médica, mãe de família, mas com uma vida pautada por uma religiosidade onde a Eucaristia era o centro da sua existência, e a Santíssima Virgem o seu modelo de perfeição.

Sobre ela o Cardeal Martini escreveu: “A santidade de Gianna é parecida com a de cada um de nós; ela enfrentou as mesmas dificuldades que enfrentamos do dia-a-dia, da vida profissional, da atenção à família, de acolhimento ás visitas; teve paciência nas vicissitudes de cada dia.”

Gianna Beretta Molla, o décimo segundo filho do casal Alberto Beretta e Maria de Micheli, ambos da Ordem Terceira Franciscana, nasceu em Magenta, Itália, no dia 4 de outubro de 1922, dia de São Francisco.

No dia 4 de abril de 1928, com cinco anos e meio, fez a Primeira Comunhão. Desde esse dia, mesmo muito pequena, todos os dias acompanhava sua mãe à Santa Missa. Foi Crismada dois anos depois na Catedral de Bérgamo.

Datam dos seus quinze anos de idade, após um retiro, esses propósitos espirituais, que lhe acompanharam por toda a vida:

1º Faço o santo propósito de fazer tudo por Jesus. Todas as minhas ações, todos os meus desgostos ofereço-os todos a Jesus.
2º Faço o propósito de, para servir a Deus, não querer ir mais ao cinema, se não souber se ele se pode ver, se é modesto e não escandaloso e imoral.
3º Prefiro morrer a cometer um pecado mortal.
4º Quero temer o pecado mortal como se fosse uma serpente, e repito de novo: antes morrer mil vezes do que ofender o Senhor.

Foi membro atuante da Ação Católica desde a adolescência, nunca tendo se prejudicado nos estudos pelo seu serviço, tanto que, em 30 de novembro de 1949, formou-se com louvor em Medicina.

Especializou-se em Pediatria, mas freqüentou a Clínica Obstétrica Mangiagalli, pois, por seu grande amor às crianças e às mães, pretendia unir-se ao seu irmão, Padre Alberto, médico e missionário no Brasil que, com a ajuda do seu outro irmão engenheiro, Francesco, construíram um hospital na cidade de Grajaú, no Estado do Maranhão. Gianna, por sua saúde frágil, foi desaconselhada pelo Bispo Dom Bernareggi em vir para o Brasil.

Em 1954 conheceu o engenheiro Pietro Molla e sentiu o chamado à vocação do Matrimônio. Noivaram em 11 de abril de 1955 e casaram-se no dia 24 de setembro do mesmo ano, tendo a cerimônia sido presidida por seu outro irmão, Padre Giuseppe.

Ainda noiva escreveu ao seu noivo: “Quero formar uma família verdadeiramente cristã; um pequeno cenáculo onde o Senhor reine nos nossos corações, ilumine as nossas decisões, guie os nossos programas”.

Dias antes do seu Matrimônio escreveu ao futuro marido: “Você não acha interessante fazermos um tríduo para nos prepararmos espiritualmente antes do casamento? Nos dias 21, 22 e 23, Santa Missa e Comunhão, você em Ponte Nuovo, eu no Santuário de Nossa Senhora da Assunção. A Senhora acolherá as nossas preces e desejos e, porque a união faz a força, Jesus não poderá deixar de escutar-nos e ajudar-nos.”

Das suas anotações pessoais podemos extrair essa verdadeira pérola: “Toda vocação é vocação à maternidade: material, espiritual, moral, porque Deus nos deu o instinto da vida. O sacerdote é pai; as irmãs são mães, mães das almas. Preparar-se para a própria vocação, preparar-se para ser doador da vida… saber o que é o grande sacramento do Matrimônio”.

Teve seis gravidezes, fruto do seu Matrimônio, onde quatro crianças nasceram: Pierluigi, Maria Zita, Laura e Gianna Emanuela.

Na última gestação, aos 39 anos, descobriu que tinha um fibroma no útero. Três opções lhe foram apresentadas naquele momento: retirar o útero doente, o que ocasionaria a morte da criança, abortar o feto, ou, a mais arriscada, submeter-se a uma cirurgia de risco e preservar a gravidez. Não hesitou! Disse: “Salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz!” Submeteu-se à cirurgia no dia 6 de setembro de 1961.

Com uma coerência cristã que lhe pautou a vida inteira, ainda em 1946, falando às jovens da Ação Católica dissera: “Se na realização de nossa vocação devêssemos morrer, seria esse o dia mais bonito da nossa vida!”.

Deu entrada, para o parto, no hospital de Monza, na sexta-feira da Semana Santa de 1962. No dia seguinte, 21 de abril de 1962, nasceu Gianna Emanuela, a quem teve por breves instantes em seus braços. Sempre afirmou, a Bem Aventura Gianna: “Entre a minha vida e a do meu filho salvem a criança!”. Entrou para o Céu no dia 28 de abril de 1962, em casa, provavelmente ouvindo as vozes das suas crianças acordando, no quarto ao lado.

Nas palavras de Dom Serafino Spreafico, Bispo Emérito de Grajaú-MA, “Santa Gianna formou-se como missionária e como tal viveu, ligada ao Brasil por vocação específica…ela agradeceu ao Brasil por tal vocação obtendo de Deus os Dois Milagres Oficiais para a Igreja.”

O milagre da Beatificação aconteceu no Brasil, em 1977, na cidade de Grajaú, no Maranhão, naquele mesmo hospital onde queria ser missionária, onde foi beneficiada uma jovem protestante de nome Lúcia Silva Cirilo, que havia dado à luz uma criança morta. Uma fístula reto-vaginal, resultado de uma complicação do parto, ameaçava-lhe a vida, quando irmã Bernardina de Manaus, capuchinha que estava naquele hospital, pediu a intercessão da “irmã do Padre Alberto”. A cicatrização foi imediata e a mãe doente restou curada.

Por conta da prodigiosa cura, Gianna Beretta Molla foi Beatificada pelo Papa João Paulo II, em 24 de abril de 1994, tendo sido considerada esposa amorosa, médica dedicada e mãe heróica, que renunciou à própria vida em favor da vida da filha, na ocasião da gestação e do parto.

“Viveu o matrimônio e a maternidade com alegria, generosidade e absoluta fidelidade à sua missão”, afirmou o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação Vaticana, na cerimônia de promulgação do decreto.

O milagre atribuído à sua intercessão foi experimentado por Elisabete Arcolino Comparini, casada com Carlos César, ambos da Diocese de Franca-SP, quando, no início do ano 2000, o quarto bebê que havia concebido começou a experimentar sérios problemas.

No terceiro mês, a jovem mãe perdeu totalmente o líquido amniótico. O feto, sem a proteção natural, devia ter perdido a vida. A intercessão da Beata Gianna foi pedida, ainda no hospital, quando, por Providência Divina, o Bispo de Franca, Dom Diógenes, visitou a jovem mãe e seu esposo, que sofriam face ao risco de perder aquela preciosa criança, bem como ao risco pelo qual passava a mãe, já que o casal se negava a retirar o feto, por conta da prescrição dos médicos que acompanhavam o caso.

Face a negativa do aborto e à intercessão da Bem Aventurada Gianna Beretta Molla, após uma gravidez sem presença de líquido amniótico; sem explicação científica, no dia 30 de maio de 2000, nasceu Gianna Maria, nome que foi dado em homenagem àquela médica e mãe heróica que, no seu desejo de Missão, mesmo sem poder ter saído de sua terra natal, realizou seus dois milagres na terra missionária, o Brasil.

Muitas graças têm sido alcançadas, em vários países, pela intercessão da Bem Aventurada Gianna Beretta Molla, especialmente por mulheres que não conseguem engravidar ou têm problemas na gestação e/ou no parto, por isso, várias crianças têm recebido o honroso nome de Gianna em agradecimento por sua intercessão. Sem dúvida sua história é um apelo à vida e contra o aborto, sendo também um testemunho precioso para os jovens que ainda estão discernindo sua vocação e, sobretudo, para as famílias, demonstrando uma santidade acessível e possível a todos.

No dia 16 de maio de 2004, o Papa João Paulo II canonizou, isto é, incluiu no catálogo dos santos, a médica italiana Gianna Beretta Molla (1922-1962), que deu a vida por sua filha, preferindo morrer a praticar um aborto. Eis o trecho da homilia do Santo Padre relativo a essa mãe e mártir, que se tornou símbolo da luta pró-vida.

“Do amor divino, Gianna Beretta Molla foi uma mensageira simples, mas mais significativa do que nunca. Poucos dias antes do matrimônio, numa carta enviada ao futuro marido, escreveu: ‘O amor é o sentimento mais bonito que o Senhor colocou na alma dos homens‘.”

Santa Gianna Beretta - um exemplo

Gianna Beretta Molla

As Sagradas Escrituras nos dizem que “o justo vive pela fé” (Rm 1,2) e a Igreja nos apresenta o testemunho de muitas vidas movidas pela fé; uma delas é a da bem-aventurada Gianna, uma mulher decidida por Deus que dia após dia, na escolha de servir ao próximo, desfrutou da vontade de Deus como médica, esposa, mãe e leiga.

Geovanna Beretta Molla nasceu em Magenta, aos 4 de outubro de 1922, décima dos 13 filhos de Alberto e Maria de Micheli, ambos de espiritualidade franciscana (OFS - Ordem dos Franciscanos Seculares); providencialmente, nasceu sob a proteção de São Francisco de Assis.


Seus pais foram um testemunho de sacrifício pelo amor, mudando-se várias vezes em benefício da saúde dos filhos. A mãe era empenhada em ajudar os pobres e os missionários; foi presidente das senhoras da Ação Católica de sua paróquia, por um certo período, apesar das responsabilidades familiares.

Com os pais, aprendeu a renunciar ao supérfluo, a poupar, a fazer economias para dar aos outros, muitas vezes sua mãe remendava as roupas dos filhos, ao invés de comprar roupas novas, a fim de enviar o dinheiro economizado às missões.

Gianna, como era chamada pelos íntimos, descobriu com a vida que há mais alegria em dar do que em receber (Rm 1,2) e assim tomou todas as decisões que a vida ia lhe pedindo, sempre muito feliz. O serviço aos pobres e a formação dos membros da Ação Católica foram marcas da juventude. Desejava ser missionária no norte do Brasil, em Grajaú-MA, para ajudar o irmão padre no serviço aos pobres, mas o clima tropical lhe era desfavorável. Enquanto discernia sua vocação escolheu estudar medicina, pois percebia ser uma excelente oportunidade para oferecer um serviço “qualificado” ao homem que sofre e, também, saciar a necessidade que sentia de “doar-se, de colocar-se à disposição dos outros, dos pobres”.

Sabedoria do Evangelho, sua sabedoria

Toda sua vida foi marcada pela espiritualidade: OAS - Oração, ação e sacrifício - foi o compromisso de vida no qual a ação católica a introduziu. Oração pessoal e comunitária, meditação, rosário, confissão freqüente, comunhão cotidiana, retiros espirituais e compromissos de ordem apostólica fizeram parte de sua vida desde tenra idade.

Prontidão em socorrer o próximo era o espírito que a impulsionava, tanto a ser mais e mais comprometida com a fé católica, quanto às suas responsabilidades enquanto participante ativa na sociedade; dessa forma, usou a medicina como encargo de “missão”. Dizia: “Nós temos ocasiões que o sacerdote não possui. A nossa missão não termina quando os remédios não servem mais! Existe a alma a ser levada a Deus e a palavra do médico tem autoridade. Todo médico deve encaminhar o doente ao sacerdote. Estes médicos católicos quão necessários são!”

Podemos dizer que o grande milagre de sua vida foi sua generosidade, sua alegria em dar, em preservar a vida de todas as formas. Encontrou contentamento e repouso nos planos de Deus, sua vida foi abundante.

Estado de vida

Sempre desejou ardentemente servir aos necessitados, e isso a fez inclinar-se à vida consagrada. Porém, queria sondar a vontade de Deus e, para isso, acreditava ser necessário dar três passos indispensáveis (segundo seus apontamentos): primeiro, interrogar o céu através da oração; segundo, interrogar o diretor espiritual, e terceiro, interrogar a si mesmo, conhecendo as próprias inclinações. Fala que cada um pessoalmente deve preparar-se para a sua vocação, para doar a vida, no sacrifício de uma doação intelectual; saber o que é o matrimônio, “sacramentum magnun”; conhecer os outros caminhos; formar e conhecer o seu caráter.

Alguns anos de sua vida discorreram entre orações, acompanhamentos espirituais e muitos conflitos interiores em função de discernir seu estado de vida; passou a dedicar-se ainda mais à oração, indo a Lourdes em peregrinação onde rezou muito. Enquanto isso, certa de que Deus se manifesta a quem ama, deu prosseguimento às obrigações.

Enfim, fechou o discernimento através da direção espiritual e compreendeu que a vontade de Deus era que formasse uma família. No dia 8 de dezembro de 1954, na primeira missa solene do Frei Lino Garavaglia, encontrou-se com Pedro Molla e, a partir de então, começam juntos um caminho de questionamentos se estariam aptos a formar uma família cristã. Em 27 de setembro de 1955, faltando poucos dias para completar 33 anos, unem-se em matrimônio.

O coração de Gianna é um “coração terceiro”; sempre aberto a doar-se pela vida, casou-se já pensando nos filhos e morreu afirmando que antes de si vinha a sua filha e, embora consciente de todos os perigos que corriam por causa da complicadíssima gravidez, não hesitou em nenhum momento em fazer opção pela vida e pela fé.

Por decisão, seus gestos e suas palavras indicavam sua opção por Deus e assim sendo, pelo vida. “Eu faço a vontade de Deus, e Deus providenciará aos meus filhos”, com esta nobreza, viveu três gestações difíceis e dolorosos e na quarta se inicia sua “via sacra” ao deparar-se com um friboma no útero e a necessidade de uma cirurgia. Confidenciou a poucas pessoas que como médica era consciente dos perigos que corria e indagou ao esposo: “se vós deveis decidir entre mim e a criança, nenhuma hesitação; escolhais - o exijo - a criança. Salvem-na”.

De janeiro até abril, época do parto, viveu normalmente sua vida profissional e de dona de casa. Na sexta-feira santa, foi internada, no sábado santo nasce Gianna Emamuela e em seguida os terríveis sofrimentos iniciam. No dia 28 de abril de 1962, sete dias após o parto, faz sua Páscoa. Sábado.

O gesto heróico com o qual Gianna corou a sua missão de mulher, de esposa e mãe - pelo Papa Paulo Vi definido como “imolação meditada” - revelou uma santidade excepcional, vivida de maneira espontânea e profunda no percurso de toda a sua vida.

Aos 24 de abril de 1994, ano internacional da família, foi beatificada por João Paulo II.