segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Santa Gianna Beretta - um exemplo

Gianna Beretta Molla

As Sagradas Escrituras nos dizem que “o justo vive pela fé” (Rm 1,2) e a Igreja nos apresenta o testemunho de muitas vidas movidas pela fé; uma delas é a da bem-aventurada Gianna, uma mulher decidida por Deus que dia após dia, na escolha de servir ao próximo, desfrutou da vontade de Deus como médica, esposa, mãe e leiga.

Geovanna Beretta Molla nasceu em Magenta, aos 4 de outubro de 1922, décima dos 13 filhos de Alberto e Maria de Micheli, ambos de espiritualidade franciscana (OFS - Ordem dos Franciscanos Seculares); providencialmente, nasceu sob a proteção de São Francisco de Assis.


Seus pais foram um testemunho de sacrifício pelo amor, mudando-se várias vezes em benefício da saúde dos filhos. A mãe era empenhada em ajudar os pobres e os missionários; foi presidente das senhoras da Ação Católica de sua paróquia, por um certo período, apesar das responsabilidades familiares.

Com os pais, aprendeu a renunciar ao supérfluo, a poupar, a fazer economias para dar aos outros, muitas vezes sua mãe remendava as roupas dos filhos, ao invés de comprar roupas novas, a fim de enviar o dinheiro economizado às missões.

Gianna, como era chamada pelos íntimos, descobriu com a vida que há mais alegria em dar do que em receber (Rm 1,2) e assim tomou todas as decisões que a vida ia lhe pedindo, sempre muito feliz. O serviço aos pobres e a formação dos membros da Ação Católica foram marcas da juventude. Desejava ser missionária no norte do Brasil, em Grajaú-MA, para ajudar o irmão padre no serviço aos pobres, mas o clima tropical lhe era desfavorável. Enquanto discernia sua vocação escolheu estudar medicina, pois percebia ser uma excelente oportunidade para oferecer um serviço “qualificado” ao homem que sofre e, também, saciar a necessidade que sentia de “doar-se, de colocar-se à disposição dos outros, dos pobres”.

Sabedoria do Evangelho, sua sabedoria

Toda sua vida foi marcada pela espiritualidade: OAS - Oração, ação e sacrifício - foi o compromisso de vida no qual a ação católica a introduziu. Oração pessoal e comunitária, meditação, rosário, confissão freqüente, comunhão cotidiana, retiros espirituais e compromissos de ordem apostólica fizeram parte de sua vida desde tenra idade.

Prontidão em socorrer o próximo era o espírito que a impulsionava, tanto a ser mais e mais comprometida com a fé católica, quanto às suas responsabilidades enquanto participante ativa na sociedade; dessa forma, usou a medicina como encargo de “missão”. Dizia: “Nós temos ocasiões que o sacerdote não possui. A nossa missão não termina quando os remédios não servem mais! Existe a alma a ser levada a Deus e a palavra do médico tem autoridade. Todo médico deve encaminhar o doente ao sacerdote. Estes médicos católicos quão necessários são!”

Podemos dizer que o grande milagre de sua vida foi sua generosidade, sua alegria em dar, em preservar a vida de todas as formas. Encontrou contentamento e repouso nos planos de Deus, sua vida foi abundante.

Estado de vida

Sempre desejou ardentemente servir aos necessitados, e isso a fez inclinar-se à vida consagrada. Porém, queria sondar a vontade de Deus e, para isso, acreditava ser necessário dar três passos indispensáveis (segundo seus apontamentos): primeiro, interrogar o céu através da oração; segundo, interrogar o diretor espiritual, e terceiro, interrogar a si mesmo, conhecendo as próprias inclinações. Fala que cada um pessoalmente deve preparar-se para a sua vocação, para doar a vida, no sacrifício de uma doação intelectual; saber o que é o matrimônio, “sacramentum magnun”; conhecer os outros caminhos; formar e conhecer o seu caráter.

Alguns anos de sua vida discorreram entre orações, acompanhamentos espirituais e muitos conflitos interiores em função de discernir seu estado de vida; passou a dedicar-se ainda mais à oração, indo a Lourdes em peregrinação onde rezou muito. Enquanto isso, certa de que Deus se manifesta a quem ama, deu prosseguimento às obrigações.

Enfim, fechou o discernimento através da direção espiritual e compreendeu que a vontade de Deus era que formasse uma família. No dia 8 de dezembro de 1954, na primeira missa solene do Frei Lino Garavaglia, encontrou-se com Pedro Molla e, a partir de então, começam juntos um caminho de questionamentos se estariam aptos a formar uma família cristã. Em 27 de setembro de 1955, faltando poucos dias para completar 33 anos, unem-se em matrimônio.

O coração de Gianna é um “coração terceiro”; sempre aberto a doar-se pela vida, casou-se já pensando nos filhos e morreu afirmando que antes de si vinha a sua filha e, embora consciente de todos os perigos que corriam por causa da complicadíssima gravidez, não hesitou em nenhum momento em fazer opção pela vida e pela fé.

Por decisão, seus gestos e suas palavras indicavam sua opção por Deus e assim sendo, pelo vida. “Eu faço a vontade de Deus, e Deus providenciará aos meus filhos”, com esta nobreza, viveu três gestações difíceis e dolorosos e na quarta se inicia sua “via sacra” ao deparar-se com um friboma no útero e a necessidade de uma cirurgia. Confidenciou a poucas pessoas que como médica era consciente dos perigos que corria e indagou ao esposo: “se vós deveis decidir entre mim e a criança, nenhuma hesitação; escolhais - o exijo - a criança. Salvem-na”.

De janeiro até abril, época do parto, viveu normalmente sua vida profissional e de dona de casa. Na sexta-feira santa, foi internada, no sábado santo nasce Gianna Emamuela e em seguida os terríveis sofrimentos iniciam. No dia 28 de abril de 1962, sete dias após o parto, faz sua Páscoa. Sábado.

O gesto heróico com o qual Gianna corou a sua missão de mulher, de esposa e mãe - pelo Papa Paulo Vi definido como “imolação meditada” - revelou uma santidade excepcional, vivida de maneira espontânea e profunda no percurso de toda a sua vida.

Aos 24 de abril de 1994, ano internacional da família, foi beatificada por João Paulo II.

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